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Sulgás Natural
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Com investimento
de R$ 3 bilhões,
UTE Rio Grande
deverá entrar em
funcionamento
antes de 2019.
Sulgás Natural:
Qual é a expec-
tativa da empresa com esta terme-
létrica?
Paulo Cesar Rutzen:
O projeto
de uma usina termelétrica e uma
unidade de regaseificação vem
sendo trabalhado há quase cinco
anos pela empresa. Sempre tive-
mos a convicção da necessidade
de uma térmica no extremo sul
do Brasil, para que tenha geração
térmica com baixas emissões, bem
como para aumentar a seguran-
ça energética do sistema. Então,
nossa expectativa é a de concluir
o projeto antes do prazo previsto,
para que possa atender a deman-
da de energia do país. Além disso,
como consequência, dispor de gás
natural para o desenvolvimento
do Rio Grande do Sul e estados
vizinhos.
Sulgás Natural:
Com a entra-
da em funcionamento da UTE
Rio Grande, em quanto crescerá a
oferta de energia no estado?
Paulo Cesar Rutzen:
Atualmen-
te, a potência instalada de geração
elétrica no Rio Grande do Sul é de
aproximadamente 4.400 MW, mas
o consumo pode chegar em 7.500
MW (necessitando importar ener-
gia). A UTE Rio Grande (que vai
gerar 1.250 MW) vai acrescentar
quase 30% de capacidade instala-
da ao parque gerador gaúcho. Do
consumo atual, vai representar em
torno de 17%.
Sulgás Natural:
O investimento
de R$ 3 bilhões para a implanta-
ção do projeto da UTE e da unida-
de de regaseificação será financia-
do em quanto tempo e por quais
instituições?
Paulo Cesar Rutzen:
O valor do
equity
do projeto (30%) será com-
posto com recursos próprios do
Grupo Bolognesi e pelo EIG Global
Energy Partners, fundo de inves-
timento em energia sediado em
Washington e presente no mundo
todo. O acordo já foi formaliza-
do. A dívida de longo prazo (70%)
será financiada pelo US Exim Bank
(parte dos equipamentos norte-
-americanos, como turbinas e
caldeiras) e pelo BNDES (compo-
nentes nacionais).
O prazo de amorti-
zação da dívida de
longo prazo é de 16
anos. Os assessores
financeiros do Gru-
po no projeto são o
Banco do Brasil e o
Itaú BBA.
Sulgás Natural:
Quais são as
etapas para a instalação da UTE
até o efetivo funcionamento?
Paulo Cesar Rutzen:
O início
das obras está previsto para junho
deste ano e depende somente da
emissão da Licença de Instalação
pela Fepam. Estamos concluindo
o processo de contratação da em-
presa responsável pela construção
da Usina, bem como definindo os
equipamentos, com previsão de
assinatura até abril. A construção
terá início em junho, com terraple-
nagem do terreno, fundações etc.
A primeira turbina está planejada
para chegar ao local da obra no fi-
nal de 2016, e a última, em abril de
2017. Depois da montagem, a pre-
visão é que entre em testes já em
janeiro de 2018 e a operação co-
mece entre maio e junho de 2018.
Paralelamente, serão construídas a
linha de transmissão até o ponto
de conexão (SE Povo Novo), o píer
para o navio de regaseificação e o
gasoduto do porto até a usina.
Sulgás Natural:
Por que a esco-
lha por térmica a gás natural?
Paulo Cesar Rutzen:
Pela análise
do setor. Discutimos muito inter-
namente há bastante tempo o as-
sunto. O Brasil necessita de incre-
mento anual de três a cinco GW de
energia na matriz, no somatório de
todas as fontes – obviamente de-
pendendo da taxa de crescimento.
Na impossibilidade de existirem
reservatórios em novas usinas hi-
drelétricas (somen-
te a fio d’agua) e a
questão de as usi-
nas eólicas, de bio-
massa e solar não
garantirem energia
firme e contínua, se
conclui inexorável o
aumento da capaci-
dade instalada com
base em energia térmica firme, não
sazonal, exatamente para que seja
possível a instalação das renová-
veis.
Sob todos os aspectos, o gás na-
tural faz sentido. Dos combustíveis
fósseis, é o menos poluente; nos
últimos anos houve o aumento da
oferta de gás natural no mundo,
shale gas
, por exemplo; os maio-
res países produtores ampliaram
a produção de gás e investiram
em terminais de liquefação, o que
tornou o Gás Natural Liquefeito
(GNL) mais comercial pelo aumen-
to da oferta; no Brasil, ocorreram
descobertas importantes de gás,
associado a petróleo ou não.
Enfim, o gás natural deverá ser
o combustível das usinas térmicas
no Brasil para as próximas décadas.
O GNL importado tem a sua impor-
tância, uma vez que não devemos
ter em curto prazo o fornecimento
firme de gás natural das bacias
off-
-shore
(pré-sal etc). Além disso, o
gás associado acompanha a curva
de produção do petróleo, e nova-
mente o GNL aparece como
backup
,
firmando essa curva de produção
para a geração de energia.